sexta-feira, julho 22, 2005

À SOMBRA DO BAOBÁ EM FLOR

À sombra do baobá em flor,
Encontro-a.
Triste vate vejo nos olhos seus.
Excito-me e falo-lhe:
“Já que ambos amamos a Pessoa,
Vamos juntos navegar.
Tuas alvas carnes, quero-as semear.”
Responde-me ela:
“Afasta-te, sátiro!
Teu ‘membrum virile’ a mim não faz serventia.
Apraz-me muito mais uma língua.
Língua que é prazer,
Como a de Cecília e de Florbela.”
Replico-lhe eu:
“Língua, também a tenho.
Eça não sou,
Não a bem sei usar.
Posso, contudo, um pouco de orgasmo te dar.”
É inútil.
Ofende-me ela. De Bukowski chama-me.
Não desisto e não insisto,
Apenas digo:
“Já que comigo não queres fornicar,
Só me resta pela mão viver.”

Recife, 16 de janeiro de 1987

2 Comments:

At 9:55 PM, Anonymous Anônimo said...

Cadê o "Na Cozinha", que marca o início dos anos 90? Frad Enno.

 
At 4:55 PM, Anonymous Anônimo said...

grande contribuição libertina.

 

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