PEÇA ORATÓRIA*
Sou gago, mas não sou Demóstenes. Peço, pois, a Calíope, musa da eloqüência, auxílio; e a vós, paciência. Porém ficai tranqüilos: serei breve e não citarei Saint-Exupéry.
Há quatro anos e meio adentramos em mais um barco, o curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco, dessa vez rumo a um diploma.
A viagem foi conturbada, com tormentas e bonanças.
E hoje, ao chegarmos ao porto não tão seguro da vida profissional, é inevitável a saudade dos companheiros que foram navegar em outros mares: João Pessoa, Brasília, Petrolina, Panquecas e alhures.
Também vêm à memória lembranças da jornada: aulas esdrúxulas, debates infindos, brincadeiras reveladoras, sala i (onde tão coisa rolou) et cetera e et cetera e tal.
Entretanto, é deveras dolorosa admitir, o que mais marca esta quase qüinqüênio é a mediocridade reinante na Universidade.
O principal motivo desta catástrofe são professores, funcionários e alunos inaptos para uma instituição produtora e distribuidora de conhecimentos.
Porém não acusemos somente a Universidade. A mediocridade não é exclusividade sua. A mídia também está plena de sandices e mais sandices.
É... O mestre Raul Pompéia tinha razão: A escola não forma a sociedade, reflete-a.
Mas hoje é dia de júbilo. Encerramos outra etapa da vida. Regozijemo-nos, pois.
Findo, então, esta peça oratória com o otimismo do genial Oswald de Andrade, vaticinando: A massa ainda comerá do biscoito fino que fabricaremos.
Recife, julho de 1990
* Lida pelo autor na colação de grau da turma de Comunicação Social
1 Comments:
tragam-me os biscoitos finos pois por enquanto só o reflexo de uma sociedade pior, 15 anos depois...
Postar um comentário
<< Home